sábado, 22 de julho de 2023

Viver de sentir




Já tentei negar e abafar quem eu sou

Moderar minha intensidade, frear meu sentir 

Como quem esconde de si mesma algo que sabe onde está...

Não é possível sustentar por muito tempo o mentir


Incontáveis vezes desejei ser resignada

Contentar-me com o mediano ou até mesmo com a mediocridade

Seria mais simples não resistir e apenas aceitar 

Se assim fosse certamente eu me perderia e ainda minha peculiaridade


Deixa-me dizer, contudo, que o som das flores

Reverbera com o luzir das constelações 

E raros ouvem as canções desenhadas nas pupilas

Enquanto se alinha a junção de duas respirações 


Então, já que sou atenta a tais inefáveis sutilezas 

De tudo que sinto e percebo de um jeito esfuziante 

Não conterei essa minha natureza meticulosa

E de um coração desmedidamente vibrante



quarta-feira, 21 de junho de 2023

Despertando

 



Despertei após um longo tempo

Adormecida em tantas frivolidades

Eu sou o segredo da noite que aos poucos vai se revelando

Gradualmente no horizonte 

E eu que não tenho medo e já me acostumei com minhas sombras estou me transformando

Numa aurora reluzente 

No calor que abraça e se reconhece

Por que sou o sereno noturno e também os raios de sol

Transitando em minhas estações e retomando meu poder e ciclicidade

Acolho meu templo sagrado, com a convicção de que não sou mais quem eu era

Mas a soma de todas que um dia já fui

domingo, 14 de maio de 2023

Há algum tempo

Faz um tempo que o tempo parece mais do mesmo

Impassível e desanimador

Entenda-me, havia uma vida mais vívida e intensa

E em algum momento a impressão é de que a fonte secou

E a rotina nos transformou

Em espectadores da constante escassez:

De amor, bom senso, respeito e de verdade


Será que meu coração não paralisou mas deixou de sentir?

Ou um véu invisível turvou meus olhos de verem a vida plena acontecendo?