sábado, 1 de fevereiro de 2020

Uma estrada de luzes




Como voltar a mesmice do comum e ordinário depois de vislumbrar o extraordinário e o notável? 

Diga-me como preferir o brilho das estrelas depois de deparar-se com a luminescência de uma galáxia? Consegue captar que tudo muda quando a visão percebe novas possibilidades e quando a mente abre-se a uma nova experiência? Nada volta a ser como era, nem as vontades.

Poderia caber numa caixa de fósforos, mas agora não mais. E há tanta gente feliz por caber numa caixa de fósforos! A estupidez é doce pois não provoca o sofrimento de sair do casulo e lançar-se a uma vida plena, cheia de dores e recompensas. 

Tem pessoas com extensão de infinito; tem dores que surgem sem motivo – dores da alma; tem adoração que se mantêm através da fé no desconhecido; tem amor que se inspira numa chama indizível; são tantas lacunas que só o maior sonho pode preencher.

A minha fantasia contraposta a uma realidade racionalizada. No meu voo eu sabia que minhas asas seriam feridas, mas não impossibilitadas de continuar tentando voar. Eu sabia que meu canto seria o mais belo mas talvez não teriam ouvidos para escutá-lo. Eu sabia que deixaria um rastro de estrelas para que me encontrassem mas que nem todos enxergariam o pó das constelações...

Há quem pense que tudo isso seja tolice, perda de tempo, mas com exceção de um milagre quase tudo implica em algum sacrifício e tudo, absolutamente tudo é uma questão de auto permissão - quanto você se permite sonhar? Quanto você se permite querer? Quanto você se permite sentir?

Os sentimentos não são pequenos ou grandes demais, eles acontecem e duram o seu tempo. E os meus sonhos vêm e me conduzem pela estrada de luzes, por isso, não me acostumo mais a escuridão.