domingo, 18 de novembro de 2012

É por isso que eu tenho me calado...




Mais um dia
Que reflete a agonia
Em toda parte
Da ausência de bom senso
De um otimismo destituído de razão
Eu vejo através das lentes
E tento extrair uma cena
Que ecoe alguma esperança
Ou apenas que momentaneamente me alegre
Quem sabe quando seremos surpreendidos?
Mas é tudo decadente
E é por isso que eu tenho me calado...

Eu tenho me calado
Não que não quisesse cantar
Ou escrever alguma poesia
Eu bem queria exaltar o amor, em verdade
Mas isso não condiz com a realidade
Idênticas as horas
Gestos vazios
Palavras ocas
Solidão entre as pessoas
O que é importante deixou de sê-lo
Pra que o esforço de dizer o que quer que seja?
É por isso que eu tenho me calado...

domingo, 27 de maio de 2012

Verbos perecíveis



Não sei descrever
O que um dia senti
E que se desfez no passado
Sei que muitas promessas e desejos
Não fazem mais sentido
E o que restou
Para além da poeira na superfície das lembranças
São as palavras avulsas
Destituídas de significado

Fragmento o tempo
Porque nem tudo é tão inteiro e indivisível que não possa ser partido
E o que dura
Não dura além de uma fração
Que quando bem vivida
Tem um intenso sabor de eternidade
E isto também é o mais próximo que chegaremos
Do nosso “para sempre”

Nunca existiu mais do que eu e tu
(desunidos)
E entre nós
Apenas uma ausência gritante
Conjugada em um verbo perecível

domingo, 25 de março de 2012

Alguma desilusão...



Encantou-se pelas asas
E ousou voar
Tombou dolorosamente
No solo árido do coração humano
Alguns arranhões não irão te matar
Contudo, talvez demorem a cicatrizar...

Se fosse o chão uma nuvem
Se fosse sensível ou afetuoso o coração...
Mas é concreto, sólido e rude!
Áspero na medida da mediocridade
Espanta-me ainda ter vida algo assim
Se é que a tem
O que é aquém
Do que poderia ser

domingo, 11 de março de 2012

Alguma paz...


Não preciso dizer
Uma palavra
Para que o amor exista
Ou faça algum sentido.

Não preciso cantar
A canção
Para que se faça a melodia
Ou a noite mude para o dia

Preciso apenas
Permanecer imersa
No invisível rastro reluzente
Deste enlevo
Na mudez daqueles
Que testemunham a vida
E despreocupadamente se rendem
Como se já soubessem do final...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Primeira Pessoa Bem Singular



Hoje o "eu" chegou sonoro
E eu me disse muito
Disto, daquilo, até de amor!
Acabei por me persuadir
Com uma voz
Firme
Mas doce
Que tanto faz que seja tu
Se debaixo deste céu
E entre tantos corações
Eu só conheço
Os batimentos
E sentimentos
De um

domingo, 29 de janeiro de 2012

Flutuante


Ouvi os sinos
Enquanto querubins faziam suas coreografias
Num céu não tão distante daqui
Quis capturar o divino
Como se fosse possível
(E sorri por pensar isso!)
Quis eternizar a beleza de um momento
Como uma fotografia
E quis, ainda, que nada escapasse do meu olhar: atento
Do coração: pleno

Senti a alegria de um instante
Num mundo de desconhecidos
E universos escondidos
Eu, numa bolha, flutuante