"E se conseguísseis maravilhar-vos com os
milagres diários da vossa vida,
a vossa dor não vos pareceria menos intensa do
que a vossa alegria;
E aceitaríeis as estações do vosso coração, tal
como haveis aceite as estações que passam sobre o vossos campos.
E passaríeis com serenidade os invernos das
vossas mágoas!"
Khalil Gibran
A correnteza mudou de
direção
E eu não nado sem me cansar na contramão
Deixarei o fluxo das águas seguir
Evitando o que não evitei
Jogando tinta que cubra
Todas as nuances de cores
Dos quadros que pintei
Calando a canção
Nos lábios desabrochados
Adormecendo
O que foi despertado
Mortificando os medos
Que me afundam em noite escura
Penumbra
Que assola meus desejos
Vou descendo
Arranhando as paredes da memória
Relembrando o que quero esquecer
São reminiscências de ternura
Mas não há espaço para a candura
Não agora...
Deixo o tempo correr
E corroer
É preciso aceitar
O que não fica
É preciso dar adeus
Ao que não aconteceu
É preciso morrer
Para renascer