quarta-feira, 24 de julho de 2024

Ao poeta que se cala

 

Quando escrevia
Em profunda comunhão
Com o que sentia
Seu estro incomum
Enaltecia
Era poema
E poesia

Acalentava
A leve brisa
Mas não ousava
E em silêncio
Sonhava
E chorava
A triste sina

Saber-se assim
Saber-se tanto
Saber-se só
E no momento
Fazer-se gelo
Tornando em pó
Seus sentimentos

Por que estático?
Por que o medo?
Pesavam-lhe as palavras que não dizia
Morriam
Ávidas
Em desmedida
Agonia

Não se rendeu
Mesmo diante de todos os sinais
Pediu a Deus
Uma resposta
Ou apenas
Que levasse embora
Toda a dor
Sem mais demora

Gritou
Do calabouço
Aprisionou
O seu desejo
Único jeito
De continuar
Longe dos olhos
Tentaria não lembrar

Mas a vida
Essa corrente
De promessas
Ninguém sabe onde nos leva
E a brisa
Sublime
Vem, embala
Passa
E não espera