Saio de casa. A claridade do dia ofusca meus olhos. A névoa vai se dissipando lentamente ao sabor das horas da manhã, na leveza típica do que é perfeito.
Queria eu que essa névoa que me cobre se diluísse, mesmo que vagarosamente, como ocorre com o dia.
Queria uma visão límpida,
Entender a cena,
Descortinar o ato,
Conjugar o verbo,
Capturar o gesto.
Mas meus olhos só obedecem a um músculo que apenas enxerga o que quer ver, e vê o que pensa sentir.
Meu coração anseia outro tempo, qualidade do que é descompassado por natureza.
E vai artificialmente transformando a paisagem.
Parece-me que a vida é um quadro estático, mas não me engano, a vida é tão frágil...
E isso é só o que sei no momento...
4 comentários:
Olá, Ana! Retribuindo a visita e agradecendo o comentário...
Sobre o texto, a vida é mesmo frágil, tímida, mas convidativa em sua poesia, poética em seus mistérios... vai ver a vida seja tão simples que se não fosse a "névoa" não nos haveria ocasião de a imaginarmos, inventarmos... vai ver...
Um abraço!
Aninha, passei por aqui, pra te ler -- tentei postar comentário 2 vezes e não consegui. Este é o terceiro, vamos ver se entra. Amei o teu texto, tuas reflexões.... de quem vê muito além! Beijo grande, saudades. (Lúcia Constantino)
já estava ficando desiludido e cansado com esses artistas por aí.
Penso que a última coisa que um poeta de verdade precisa é de parabéns, por isso, não vou lhe dizer ainda. Mas digo:
finalmente posso tomar meu vinho sossegado...
Fica com Deus, doce mulher!
Uau! Depois de mais de ano sem um verso de Ana... e me deparo com um poema que me lembra a melhor Clarice, aquela que persegue o que antecede o pensamento. É preciso até reaver o fôlego...
Estupefato, Airton.
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